15.11.06

 

Apito final

Infelizmente, por falta de tempo e capacidade de me dedicar mais, o blog fica "fechado" por tempo indeterminado.

Vale, claro, como registro do Mundial deste ano, fonte de consultas, análises antigas (algumas completamente equivocadas) e curiosidades.

Muito obrigado pela força de todos. Nos vemos em breve, espero.

Grande abraço.

12.9.06

 

Mundial feminino

A dica para quem quiser acompanhar tudo o que acontece no Mundial das garotas, em detalhes, é acessar o Painel do basquete feminino.

Cobertura brilhante, muito boa mesmo. E eu, pelo visto, demorarei mais que o previsto para voltar ao batente na bola laranja.

Fica o conselho. E que a seleção brasileira jogue melhor do que hoje. Até!

5.9.06

 

Algumas Machadadas a mais

Para quem ainda não engoliu o fracasso brasileiro no Mundial, aconselho a entrevista de Marcelinho Machado ao amigo Fábio Balassiano, publicada no Draft Brasil.

Apesar de esquivar-se de algumas perguntas, o ala admitiu que às vezes é precipitado nos arremessos e revelou que jamais foi abordado pela comissão técnica a esse respeito.

Vale a pena dar uma lida. Não justifica — até porque não há como — mas explica algumas das atitudes da equipe, 19ª colocada no torneio. Para ler, clique aqui.

Nos próximos dias, por motivos pessoais e profissionais, a atualização do blog será um tanto "capenga". Mas, no Mundial feminino, a cobertura continua. Sem a mesma intensidade quase insana do masculino, mas continua...

4.9.06

 

A luta continua!

O MdB começou despretensioso, no dia 14/8, cinco dias antes do início do Mundial. Até agora, foram três semanas, novos amigos e muitas discussões interessantes. Conversas que ultrapassaram as fronteiras do torneio e ganharam novos horizontes.

Muitos já me cobraram explicações sobre como ficará o blog agora. Sinceramente, ainda não sei. O fim do campeonato não pode significar — na minha opinião — a última página no debate de algo muito mais importante do que os nomes e placares de vencedores e vencidos: o basquete.

No Brasil, o esporte agoniza e teve sua pior participação na história. A partir deste 19º lugar podemos tirar lições. Debater possíveis alternativas. Dialogar sobre o esporte que nos uniu por 15 dias nas madrugadas japonesas, tão festivas para espanhóis e gregos (até o domingo pelo menos...) e tão tristes para a seleção de Lula & seus moluscos.

Ainda não sei como, nem se nesse endereço. Mas o blog continua e seguirá a seleção brasileira e seus principais jogadores enquanto tiver fôlego e público para incentivar com informações, opiniões e polêmicas.

Diria um jornalista famoso, em seu momento de inspiração:

É hora de reformular, de mudar. Ou... mudar de vez. Mundial 2010. A Turquia também não é assiiiiim tão longe... é logo ali. Ou do contrário seremos comida... de narigões.

3.9.06

 

Números de uma final

70 pontos marcados pela Espanha, pior placar da equipe no torneio. Até então, o jogo em que os espanhóis menos haviam pontuado foi a semifinal contra a Argentina, vencido por 75 a 74.

47 pontos marcados pela Grécia, pior marca de uma seleção em todo o Mundial deste ano. O recorde negativo anterior pertencia à Nigéria, que marcou 53 na derrota para a França, na primeira fase.

0 rebote pegou a dupla de pivôs da equipe grega, composta por Lázaros Papadopoulos e Sófoklis Schortsianitis.

6 bolas de três pontos acertou Jorge Garbajosa. Número impressionante para qualquer pivô do mundo que não seja ele mesmo.

 

Grécia 47 x 70 Espanha: faltou Gasol, sobrou raça

Fotos: AP Photo
A Espanha é campeã mundial de basquete. Mesmo sem sua maior estrela, Pau Gasol, a equipe ibérica não deu chance à Grécia.

Uma vitória incontestável, marcada pela raça dos espanhóis e por sua precisão na defesa. Do lado grego, pouca eficiência, muita sonolência e nenhuma inspiração.

Abaixo, um resumo da partida, período a período. Para um jogo atípico, achei que seria a melhor maneira de tentar entender o que aconteceu em Saitama.

Primeiro quarto: 12-18

O jogo começou nervoso, com as duas defesas funcionando bem. Felipe Reyes, substituto de Pau Gasol, fez os primeiros pontos com uma enterrada e ganhou a confiança de que precisava na partida.

Com um ótimo posicionamento defensivo, os espanhóis fizeram a Grécia queimar quatro posses de bola em seqüência, sempre com arremessos emergenciais e mal selecionados.

Lazaros Papadopoulos, uma das esperanças da equipe helênica para explorar o garrafão adversário, recebia marcação dupla sempre que pegava a bola na área pintada. O pivô não conseguia jogar embaixo da cesta, tendo sempre de buscar o passe para alas e armadores no perímetro.

Para tentar melhorar o sistema ofensivo de sua equipe, o técnico Panagiotis Iannakis optou por colocar Sófoklis Schortsianitis em quadra. A alteração teve pouco impacto — “Baby Shaq” também esbarrou na boa defesa armada por Pepu Hernández.


Segundo quarto: 11-25

A Espanha começou melhor e pegou os gregos de surpresa. Com bolas de três de Jorge Garbajosa e Juan Carlos Navarro, os ibéricos abriram 14 pontos apenas nos quatro minutos iniciais.

O treinador grego continuou testando rotações na posição 5, com Dikoudis em lugar de Shortsianitis. Mas o jogo de garrafão continuava muito aquém do necessário para reduzir a diferença no placar.

As rotações espanholas, por sua vez, continuavam a funcionar. Com Cabezas em lugar de Calderón e Marc Gasol na posição de Felipe Reyes, os ibéricos seguiram em um ritmo que não comprometeu seu bom desempenho.

Irreconhecível, a Grécia não conseguiu em momento algum equilibrar a partida neste período. Nem mesmo as entradas de Vasileios Spanoulis e Thedoros Papaloukas foram suficientes para dar ritmo à equipe.

O primeiro tempo, com amplo domínio, fechou o primeiro tempo com 43 a 23. Vinte pontos de vantagem.

Terceiro quarto: 11-11

O segundo tempo começou com os gregos mostrando uma disposição que ainda não havia sido vista na partida. A reação, contudo, não durou muito. Mesmo com Papadopoulos de volta à quadra, a equipe continuou perdendo os rebotes defensivos.

No período com pior nível técnico do confronto, os helênicos não se aproveitaram dos erros espanhóis e praticamente selaram sua derrota.

Sem um jogador para chamar a responsabilidade de liderar a equipe, coube ao ala-pivô Michail Kakiouzis assumir a frente das ações ofensivas. O jogador marcou 17 pontos e pegou nove rebotes, em sua melhor exibição no torneio.

A boa atuação não foi suficiente para recolocar a seleção campeã européia na disputa. Com desempenho pífio no garrafão, perderam sua maior chance de equilibrar o marcador.


Quarto quarto: 13-16

O último período começou com os gregos à espera de um milagre. Mas duas bolas de três — de Garbajosa e Navarro — logo no início mataram qualquer chance. O que se viu nos minutos finais foi a Espanha aguardando o fim da partida e os gregos, ainda atônicos, se entreolhando como que pergunta “o que aconteceu?”.

A imagem que ficou foi a de Pau Gasol — no banco, usando a barba tradicional e de calça jeans — emocionado. O grandalhão derreteu-se em lágrimas, abraçado ao irmão Marc, limitado, porém brilhante na partida de hoje.

Os agradecimentos do pivô pareciam se estender a todos os que o cercavam. Eram o “muito obrigado” à dedicação de Jimenez, à versatilidade de Garbajosa, ao dinamismo de Calderón, à liderança de Navarro, à precisão de Mumbrú, à obediência tática de Reyes, à genialidade de Rudy Fernández, à inteligência de Sérgio Rodríguez.

As lágrimas de Gasol eram o símbolo de uma Espanha que, enfim, chegou onde deveria estar há algum tempo. O fim de uma era de derrotas que sempre maculavam e ofuscavam o ótimo basquete praticado no país. E o início de um novo tempo. O esporte da bola laranja ganhou uma nova potência. Gracias.

2.9.06

 

Grécia x Espanha: hora de decidir

O jogo

As duas seleções chegam à final com méritos. Venceram adversários considerados superiores e souberam atacar e defender com uma competência que não foi vista em nenhuma das adversárias. Do lado grego, o jogo coletivo visto no Campeonato Europeu de 2005 prevaleceu: sem grandes estrelas, a equipe do treinador Panagiotis Iannakis venceu um a um os sete adversários que cruzaram seu caminho.

Nas semifinais, naquela que talvez tenha sido a maior atuação da história do basquete grego, a equipe derrotou os Estados Unidos por 101 a 95. Em partida praticamente perfeita, os helênicos souberam partir para o ataque — deixando de lado por alguns momentos sua característica defensiva — e surpreenderam os norte-americanos.

Os espanhóis fizeram campanha igualmente perfeita: passaram ilesos pela primeira fase, depois venceram os atuais campeões do mundo e a Lituânia, e chegaram às semifinais. Com a Argentina — atual campeã olímpica — pela frente, muitos disseram que o sonho ibérico terminaria na decisão do terceiro lugar. Mas com uma defesa bem armada e um show de Pau Gasol, a equipe do técnico Pepu Hernández conquistou sua merecida vaga na decisão.

Chegamos, então, ao assunto que pode definir o jogo: Paul Gasol. Com uma lesão no pé, o pivô espanhol não jogará a decisão. Felipe Reyes, substituto natural, não está 100%. E, na partida final, a Espanha pode ter de improvisar para suprir a falta de seu maior talento.

Por essa e outras alternativas que emergem a poucas horas do confronto, trata-se de uma final imperdível. Que coroará um inédito e merecido campeão mundial.

Tem favorito?
Sim. Com a contusão de Gasol, a Grécia tem maiores chances de vencer. Mas eu não ousaria descartar os espanhóis, embora aposte nos gregos.

A receita para a Espanha

Três coisas são fundamentais: marcação reforçada no perímetro para evitar os arremessos de Vasileios Spanoulis e Theodoros Papaloukas, evitar o jogo de força no garrafão e explorar ao máximo os contra-ataques, com Juan Carlos Navarro e José Manuel Calderón.

A receita para a Grécia

Explorar o jogo de garrafão. Sem a presença de Pau Gasol, os espanhóis ficarão enfraquecidos nos setor. É a chance de Lazaros Papadopoulos e Sofoklis Schortsianitis fazerem a festa.

 

Agora sim, uma injustiça

Vale o registro e uma opinião curtinha por aqui. A França venceu a Turquia por 64 a 56 e terminou o Mundial na quinta posição. Apesar de ser um resultado sem a maior das importâncias, fico preocupado com a proliferação e o crescimento do estilo de jogo dos franceses.

Uma seleção “retranqueira”, para usar o jargão futebolístico, que joga feio e não sabe se lançar ao ataque quando precisa.

Antes que comparem com a Grécia, que também joga coletiva e defensivamente, faço a ressalva. Os gregos sabem adaptar-se às nuances da partida. Conseguem, por exemplo, marcar 101 pontos nos Estados Unidos e vencê-los em um jogo predominantemente de ataque.

Em suma, dá pena ver a Turquia em sexto e a França em quinto.

 

Pau Gasol está fora da final

AP Photo
Pau Gasol não disputará o a decisão do Mundial. O jogador, maior responsável pela boa campanha dos espanhóis no torneio, tem uma fratura parcial no pé direito e não poderá entrar em quadra contra a Grécia, amanhã, às 7h30.

“Tentarei estar com meus companheiros para tudo de que precisarem, mas o que dói é não poder estar fisicamente na quadra para ajudar, como fiz em todo o campeonato”, disse o pivô.

A notícia é triste para quem gosta de basquete e pior ainda para o time ibérico, que perde seu melhor atleta — e na minha modesta opinião, o melhor do Mundial.

“Uma medalha de ouro no meu pescoço tiraria toda a dor que estou sentindo”, disse Gasol, o pior desfalque que os espanhóis poderiam ter.

 

Estados Unidos 96 x 81 Argentina: um time de futuro

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Estados Unidos e Argentina fizeram um jogo menos tenso na decisão do terceiro lugar. Favoritas às vagas na final, as duas equipes pareciam mais relaxadas em quadra após as derrotas de ontem. Foi a condição de que os norte-americanos precisaram para vencer.

Em atuação de gala do triunvirato Wade-James-Anthony, os ianques garantiram a medalha de bronze. Um prêmio justo pelo que fizeram durante todo o torneio. Há quem diga que mereciam o ouro, mas primeiro lugar não se impõe nem pede, se conquista. E os americanos não conquistaram — com toda justiça à excelente atuação grega —uma vaga na final.

Dwyane Wade foi o grande destaque do jogo, com 32 pontos. Lebron James marcou 22, somados a nove rebotes e sete assistências. Carmelo Anthony, cestinha da seleção no torneio, contribui com mais 15 pontos e cinco rebotes.

O trio, que simboliza para muitos o futuro da NBA (eu acho que simboliza o presente), será a principal arma da equipe nas Olimpíadas, daqui a dois anos. Pela reação da equipe ao receber a medalha de bronze
— muito diferente do desdém de Atenas, embora não fosse de plena felicidade — é bom anotar: esse time chegará com tudo nos Jogos Olímpicos.

1.9.06

 

Comando da madrugada, 2/8

Seco, porque o tempo realmente não permitiu, vamos ao palpite da decisão de terceiro lugar:

Duas equipes que poderiam fazer a final — e eram favoritas para isso —, devem entrar em quadra desanimadas, de cabeça baixa.

Como o choque dos argentinos foi menor, aposto que a medalha de bonze fica aqui na América do Sul.

 

Espanha 75 x 74 Argentina: a batalha de Saitama

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Chamar qualquer evento esportivo de guerra pode parecer forte demais, exagerado na maior parte das vezes. Não para a partida desta sexta-feira (1º) entre Espanha e Argentina. Um jogo emocionante em todas as suas nuances, decidido na última bola, no derradeiro arremesso, no rebote final. Uma batalha que ficará para sempre na história e na memória de quem ama o basquete.

A partida não foi das melhores tecnicamente, fruto do nervosismo das duas equipes. Mas não se pode acusar argentinos e espanhóis de não terem lutado até o fim. Quando o cronômetro zerou e apontou aos espanhóis o caminho de sua primeira final do torneio, os argentinos baixaram a cabeça. Não deveriam. Pepe Sanchez, Manu Ginóbili, Andrés Nocioni, Luis Scola e Fabrício Oberto (para citar o quinteto tiluar, apenas) foram fantásticos. Guerreiros. Deu inveja, como já havia confessado há alguns dias.

Mas hoje os espanhóis foram melhores. Pau Gasol — que saiu machucado e ainda não se sabe se jogará a final em plenas condições físicas — é um monstro. Não citarei seus números aqui (não agora), porque qualquer racionalização do que este catalão fez na partida é um desrespeito com os que assistiram ao jogo.

A dupla Sergio Rodriguez e Rudy Fernandez, que simboliza o futuro do bem sucedido basquete espanhol, também brilhou. Dá gosto de ver os dois jogarem juntos. Evitarei comparações com outros duetos. Desmerecia a qualidade de ambos.

Sobre o jogo, menos filosoficamente e mais tecnicamente, nenhuma das seleções jogou o melhor que poderia. A Espanha destacou-se pela defesa — mais que nas outras partidas — e pelos contra-ataques, menos que nos demais jogos.

Do lado argentino, nenhuma característica saltou aos olhos. Destacaria, por pura falta de algum aspecto técnico que tenha aparecido melhor, a vontade com que os sul-americanos foram “buscar” o jogo no minuto final.

Ainda tiveram a chance com Nocioni, da zona morta, no segundo final. A bola do ala, que caíra tantas vezes, quicou sobre o aro e saiu. Não se pode vencer sempre.

 

Grécia 101 x 95 Estados Unidos: o dia da caça

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A maior surpresa do Mundial não pode ser considerada zebra. Chamar assim a equipe grega depois do jogo desta sexta-feira (1º) é uma ofensa ao que foi demonstrado em quadra pelos comandados de Panagiotis Iannakis. É uma afronta à rapidez de Spanoulis, à eficiência de Schortsianitis, à liderança de Papaloukas. Um desrespeito com toda a seleção helênica, como desrespeito também seria citar apenas três ou quatro nomes sem fazer a ressalva: todos jogaram muito.

A Grécia mereceu vencer. Mereceu cada ponto conquistado — e foram 101, sua maior marca no torneio —, cada rebote capturado (36 no total, seis a mais que os norte-americanos), cada arremesso convertido — 27/38 de dois (71%) e 8/18 de três (44%). Superior em todos os aspectos, o time grego provou que sabe se adequar ao padrão adversário quando preciso.

Jamais em todo o Mundial os gregos haviam travado partida tão franca quanto hoje. Sempre faziam confrontos amarrados, por volta de 75 pontos, tímidos em criatividade, mas eficientes no resultado final. Hoje, não. Diante de um adversário que impôs o tom do jogo — aberto, com muitos pontos e ataque prevalecendo sobre a defesa —, souberam adaptar-se à perfeição.

A vitória não veio em um jogo trancado, em que os dois times mal passam dos 70 pontos. Os gregos venceram jogando à americana, mas sem perder suas características, por mais paradoxal que isso possa parecer. Arremessos precisos, contra-ataques bem pensados e valorização da posse de bola. Fundamentos básicos do basquete moderno, em que os helênicos souberam se inspirar para alcançar o mais importante triunfo de sua história.

Aos norte-americanos, resta lamentar o terceiro fracasso consecutivo em uma competição internacional. Na melhor de suas seleções desde a que foi campeã em Sidney, os ianques foram envolvidos pelo adversário. A Grécia jogou melhor e venceu. Aos Estados Unidos resta o consolo de que o trabalho é trienal, visando às Olimpíadas de Pequim.

É bom que se preparem ainda melhor. E que anotem, em um lugar onde não se esquecerão de olhar sempre: “a Grécia pode nos vencer”.

31.8.06

 

Espanha x Argentina: o mais imprevisível dos duelos

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O jogo:

Esqueçamos o jogo plástico e envolvente dos americanos. Excetuemos o basquete moderno e coeso dos gregos. Afora as duas representantes máximas de ataque e defesa, respectivamente, restam duas seleções que elevaram o nível do Mundial. Sem a competência ofensiva dos americanos ou o poderio defensivo dos helênicos, Argentina e Espanha fazem o jogo imprevisível e esperado do Mundial até agora.

As duas seleções representam o que de melhor os países já tiveram no basquete. Duas gerações históricas. A diferença é que, para os argentinos, os resultados já apareceram: a equipe foi vice-campeã mundial em 2002 e campeã olímpica há dois anos. Os espanhóis chegaram ao Japão com a fama de fazerem ótimas campanhas mas, na hora das decisões, caírem pelo caminho.

As duas seleções evoluíram ao longo da competição e passaram sem dificuldades pelas quartas-de-final, com vitórias convincentes sobre adversários reconhecidamente fortes. Ambas chegam à semi com força e têm condições de ser campeãs.

Tem favorito?

Não. “Ah, mas a Argentina...”, diria algum entusiasta de Ginóbili. “A Espanha está muito bem”, defenderia um fã de Pau Gasol. Mas o jogo não tem favorito. Embora eu aposte nos espanhóis.

A receita para a Espanha:

A maior deficiência dos espanhóis em comparação com os rivais é na posição 3. Andrés Nocioni tem jogado muito e tornou-se uma alternativa dos argentinos quando Ginóbili está bem marcado. Tão importante quando anular o armador do San Antonio Spurs será marcar com efetividade o ala do Chicago Bulls.

Outra medida interessante (e imprescindível a meu ver) será marcar Pepe Sanchez sob pressão. Quanto menos tempo o armador tiver para pensar as jogadas ofensivas, melhor para os ibéricos.

A receita para a Argentina:

O caminho rumo à vitória passa por uma boa marcação do garrafão espanhol. Com Garbajosa em ótima fase e Pau Gasol no auge de sua forma, Luis Scola e Fabrício Oberto terão trabalho redobrado. Caso consiga anular a dupla, a Argentina dará um passo importante para a final.

Além do cuidado com os dois pivôs, é preciso ter atenção especial com os contra-ataques, puxados por Calderón e Navarro. Os dois armadores têm transformado a transição espanhola em arma fatal — foi assim que abriram vantagem contra Sérvia e Montenegro e Lituânia.

 

Torneio de consolação - mini-resumo, 31/8

Para não passar em branco, aí vão os jogos do “torneio de consolação”, que define entre 5º e 8º lugares. Sem me alongar muito, já que não houve transmissão dos jogos e o site da FIBA sequer os citava em seu calendário, vamos aos resultados:

Turquia 95 x 84 Lituânia

Os turcos venceram por 20 a 9 na prorrogação após empate em 75 pontos nos quartos regulamentares. Destaques individuais: na Turquia, Kurtoglu (24 pontos), Arslan (18 pontos e cinco assistências) e Gonlum (nove pontos e oito rebotes); na Lituânia, Songaila (17 pontos) e Kleiza (14 pontos e seis rebotes).

França 75 x 73 Alemanha

A Alemanha teve a chance de ganhar, mas cometeu três erros nos 18s finais. Os franceses seguraram Nowitzki o quanto puderam até que, no terceiro quarto, o ala alemão marcou 12 pontos e iniciou uma reação da equipe. As duas seleções se revezaram no placar até que os descuidos dos germânicos selaram a derrota. Destaques individuais: na França, Gomis (17 pontos), Turiaf (15 pontos e seis rebotes) e Diaw (13 pontos e oito rebotes); na Alemanha, Nowitzki (29 pontos e seis rebotes) e Okulaja (nove pontos e dez rebotes).

No sábado (2), Turquia e França jogam pelo quinto lugar às 4h30; Alemanha e Lituânia definem o sétimo posto às 7h30.

 

Grécia x Estados Unidos: confronto de opostos

Fotos: AP Photo
O jogo:

Talvez nenhuma partida do Mundial até agora tenha colocado frente a frente escolas de basquete tão diferentes. Os gregos, com um estilo defensivo e que privilegia as ações coletivas — tanto no ataque quanto na defesa — destacam-se pela eficiência. Jogam de forma simples, mas vencem de modo categórico, anulando as principais armas do adversário.

Os Estados Unidos, ao contrário da equipe helênica, têm várias estrelas em seu grupo e baseiam suas ações no ataque na individualidade de seus melhores jogadores — como são muitos, os pontos acabam bem distribuídos, dando a impressão de que o time é um primor de coletividade. O que, embora não seja uma completa inverdade, não é comparável à solidariedade dos gregos.

Tem favorito?

Tem sim. Não adianta fugir à regra: a Grécia pode vencer, mas uma derrota norte-americana será surpreendente.

A receita para a Grécia:

Marcar por zona. Os norte-americanos já mostraram dificuldades para pontuar nesse tipo de defesa e os gregos sabem fazê-la muito bem. Evitar que os norte-americanos arremessem de três é fundamental, já que — em um dia inspirado — há muito jogadores capazes de desequilibrar o jogo neste fundamental.

Impedir o confronto dentro do garrafão também é essencial. Embora sejam esforçados e bons jogadores, os pivôs gregos (Papadopoulos e Schortsantidis) não suportam Elton Brand ou Dwight Howard em um bom dia e podem ficar carregados de faltas.

A receita para os Estados Unidos:

Usar a superioridade física e técnica de seus jogadores. Embora como equipe os ianques ainda não rendam tão bem quanto poderiam — mas têm melhorado com o tempo e nas Olimpíadas estará voando —, as estrelas são capazes de fazer a diferença. Em um dia inspirado de Dwyane Wade ou Lebron James (ou mesmo de um coadjuvante, como Brad Miller), é difícil para qualquer equipe vencê-los.

A concentração também é um fator importante. No primeiro tempo contra a Alemanha, os americanos pareciam confusos diante do bom esquema de marcação montado pelo time rival. Contra a Grécia, vacilos deste tipo dificilmente serão perdoados.

 

Falta de aviso não foi!

As semifinais acontecem na próxima madrugada e, até agora, nenhuma surpresa. Antes do início do Mundial escrevi pequenos perfis das quatro seleções que considerava favoritas (e que acabaram chegando).

Vale à pena dar uma olhada, embora eu tenha dito alguns absurdos. Os perfis saíram da página principal, mas estão disponíveis aqui.

Mais tarde, com o tempo que é preciso para fazê-la, uma análise dos dois jogos que definirão as duas equipes finalistas.

 

E sobre o aproveitamento nos palpites...

Não me esqueci. É que, na correria, não tive tempo de fazer os cálculos.

Pois vamos a eles: 51/60 na primeira fase; 5/8 nas oitavas; 4/4 nas quartas.

São 60 acertos em 74 partidas, aproveitamento de 81%. Longe da utópica marca de Steve Nash nos lances livres (91%), mas tecnicamente empatada — por exemplo — com as marcas de Kebin Garnett, Shawn Marion e Carmelo Anthony no mesmo quesito.

Correção: como bem me alertou o mais atento dos atentos, Charles Nisz, foram 72 partidas. Então, meu aproveitamento é de 83,3%. Nem me darei o trabalho de procurar quem tem uma média dessas de lances livres.

Mas poderei dizer (agora com margem de erro), que supero Garnett, Carmelo e Marion. Já na matemática, não ando superando ninguém...

30.8.06

 

Ah, se fosse no meu tempo...

Eram 11h de quarta-feira quando o basquete voltou a virar assunto no Sportv. Um dia depois da participação de Lula Ferreira no “Arena”, trechos da entrevista do técnico foram (re)transmitidos.

Vi pela terceira vez. No estúdio do “Redação”, Rodrigo Alves — um dos primeiros responsáveis pelo meu entusiasmo com este blog; hoje há vários — Armando Nogueira, Marcelo Barreto, Aydano André Motta e Telmo Zanini, que alega ter sido campeão gaúcho de basquete na juventude.

Após o reprise das declarações de Lula, Telmo pede a palavra. Começa com um “No meu tempo...” e é interrompido por Barreto, em tom de brincadeira.

“No seu tempo não tinha cesta de três, não é, Telmo?”, indaga o sósia de Renato Aragão, bem humorado. Telmo emenda. “Não, não tinha. O jogo só tinha dois tempos, também. E no meu tempo, técnico que ficasse em 19º nem voltaria para casa, muito menos para a seleção”.

É, Telmo. Os tempos mudaram, mesmo.

 

Semifinais – quem pega quem?

Segue a tabela das semifinais. Dois jogos que prometem mostrar o que há de melhor no basquete da atualidade. Se a FIBA não mudar tudo de última hora (não deve mudar, fiquem tranqüilos), é isso aí:

1/9 – Sexta-feira

4h30 – Grécia x Estados Unidos

7h30 – Espanha x Argentina

 

Estados Unidos 85 x 65 Alemanha: agora, a estréia

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Os Estados Unidos começaram mal, sem conseguem abrir vantagem. A equipe mostrou, mais uma vez, dificuldade para encarar marcação por zona. Os arremessos de três, uma das mais eficientes alternativas ofensivas em outras ocasiões, não caíram — foram apenas dez acertos em 40 (!!) tentativas.

Todas as frases acima são completamente verdadeiras e aconteceram no jogo desta quarta-feira (30), contra a Alemanha. Mas, com todas as falhas e mesmo marcando seu placar mais baixo no Mundial, o time norte-americano passou sem maiores problemas pela Alemanha e chegou às semifinais.

Pode parecer pouco — de fato é, falando do basquete estadunidense —, mas há quatro anos os ianques sequer chegaram a esta fase. Em casa, na cidade de Indianápolis, terminaram em uma discretíssima sexta posição.

Hoje, diante dos alemães, o time comportou-se de forma adequada para vencer, sem preocupação em dar show, fazer malabarismos ou humilhar o adversário. Bem postada, a Alemanha deu trabalho até o início do quarto período (vencido pelos americanos por 27 a 13). Mas, com Dirk Nowitzki muitíssimo bem marcado por Lebron James, a equipe esbarrou na limitação de seus ‘role players’.

Por mais esforçados que sejam, Steffen Hamann, Sven Schultze e Demond Greene não têm capacidade para suplantar um adversário muito superior, como é o caso dos norte-americanos.

Aos alemães, eliminados, fica o alerta: é preciso saber jogar sem Dirk. Na pior das hipóteses, aproveitar-se da marcação sobre o ala-pivô para abrir espaços na defesa rival.

Para os americanos, fica a certeza de que o Mundial começa agora. Contra a Grécia, pela primeira vez, a equipe de Coach K enfrentará uma seleção que tem chances de derrotá-la em condições normais.

 

Grécia 73 x 56 França: eficiência comprovada

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A partida que garantiu a Grécia na semifinal foi exatamente o que se esperava: poucas jogadas de efeito, placar baixo e duas equipes que apostam suas forças na defesa e no jogo coletivo. No fim, melhor para os helênicos que — com seu basquete pouco vistoso, mas muito eficiente — chegam entre os quatro melhores do Mundial.

Com os dois times marcando bem, o início foi das boas defesas. No fim do primeiro quarto o time treinado por Panagiotis Iannakis vencia por míseros 12 a 8. A partir de então, passou a administrar a vantagem, que chegou a dez pontos no fim do terceiro período — 53 a 43.

Qualquer chance de reação francesa foi minada logo no início do quarto final, quando os gregos aumentaram a diferença para 17 pontos. Com atuação destacada de Diamantidis — 13 pontos, oito rebotes, cinco assistências e um belo toco em um arremesso de três pontos — a atual campeã européia esteve longe do basquete que apresentou, por exemplo, contra a China, nas oitavas-de-final.

Os franceses, que sentiram a falta de Tony Parker durante toda a competição, foram novamente apáticos. Uma marca, aliás, presente em todos os jogos da equipe, que perdeu para o Líbano na primeira fase e só passou dos 80 pontos uma vez, quando bateu a Venezuela por 81 a 61 (única vitória por mais de dez pontos, também).

A França se foi e o Mundial agora é das quatro favoritas (alguém duvida de vitória norte-americana?). Outra pergunta, creio que muito pertinente: quem sentirá falta dos franceses?

 

E não é que culparam os "detalhes"?

Assisto pela segunda vez ao Arena Sportv e ainda não me descem algumas coisas. O fracasso do Brasil no Mundial é visto — eu temia por isso, confesso — como fruto de um grupo complicado e de “detalhes decisivos”.

“Perder na estréia complicou demais o nosso caminho”, disse o técnico Lula Ferreira (aquele que tem “dor na alma”), referindo-se ao jogo contra a Austrália, a pior exibição da equipe no torneio. “Não só por perdermos, mas pela maneira como aconteceu”.

Certo. Concordei com Lula uma vez. Mas... e aí? Por que jogamos mal contra a Austrália? Não conhecíamos o estilo australiano? Não foi esta a justificativa (errada, diga-se) para fazer cinco amistosos contra a Nova Zelândia?

Agora, vamos à hora de fazer contas. O Brasil jogou recentemente — na fase de preparação e no Mundial — contra sete seleções que se classificaram para as quartas-de-final. Perdeu todas. Só não enfrentou a Espanha. E alguém dúvida qual seria o resultado?

Depois, Hortência levantou a bandeira de um técnico exclusivo para a seleção. Concordo. A CBB, também. Mas o nome escolhido será o Lula. Nada de renovação, ou de técnico estrangeiro.

Lá vai o comandante, com dor na alma, rumo a mais um Pan-americano (e devemos ganhar, o famoso engana-trouxa), Pré-Olímpico, Mundial...

29.8.06

 

Cada um tem a dor que merece

"O técnico tem de ser o Lula, por que ele está com dor na alma"

Alberto Bial, técnico e comentarista de basquete, no programa Arena Sportv desta terça-feira (29), que teve participação do treinador da seleção, além da ex-jogadora Hortência.

Aí eu pergunto: “dor na alma” é justificativa para assinar um atestado de continuísmo e tirar a chance de outros coordenarem a seleção?

E pergunto de novo: se Lula está com “dor na alma”, nós — que apoiamos e amamos este esporte —, estamos com dor onde? (temo pelas respostas!)

O programa teve outros absurdos. Vamos listá-los na caixa de comentários e nos posts seguintes.

 

Comando da madrugada, 30/8

Fotos: AP Photo
4h30 – Grécia x França (ESPN Brasil e Sportv)

Depois de duas lavadas nos dos primeiros jogos das quartas-de-final, chegamos a uma pedreira. Para assistir Grécia e França, prepare-se: dificilmente verá espetaculares jogadas individuais, placares beirando a casa dos cem pontos e alto aproveitamento nos arremessos de quadra.

As duas seleções destacam-se pelo jogo coletivo e por sistemas de defesa que complicam o ataque do adversário. Resultado: placares pouco generosos e cestinhas modestos.

A França, por exemplo, tem média de 70,2 pontos marcados por jogo, a 19ª no Mundial. Em compensação, sofreu apenas 65,1 por partida, a melhor média entre todas as seleções participantes. O maior pontuador e Boris Diaw, do Phoenix Suns, com 12,8.

Os gregos — que venceram a China por 95 a 64 nas oitavas, seu maior placar no torneio — fazem 83,1 pontos e sofrem 70,3 por confronto. Vasileios Spanoulis, recém-contratado pelo Houston Rockets, é o cestinha, com média de 11,3.

No Campeonato Europeu do ano passado, as duas seleções se encontraram nas semifinais. Vitória dos gregos por 67 a 66. Na ocasião, os franceses estavam sem seu astro maior, Tony Parker — agora, também estão.

Pela capacidade de leitura de jogo adversário — evidenciada contra a China — aposto em vitória dos gregos. Tem tudo para ser jogo duro, e feio às vezes, mas se os franceses se descuidarem, podem levar uma sapatada histórica.

7h30 – Estados Unidos x Alemanha (ESPN Brasil e Sportv)

Desde o início do Mundial tenho batido na mesma tecla: jogo difícil para os Estados Unidos, só a partir das semifinais. Após uma campanha tranqüila na primeira fase — cinco vitórias em cinco jogos — os ianques pegaram a Austrália pelo caminho nas oitavas: massacraram por 40 pontos de diferença (assustadoramente a exata quantia que eu havia previsto).

A Alemanha tem um caminho oposto nos últimos jogos. Para ficar em segundo no Grupo B, teve de vencer Angola após três prorrogações. Contra a Nigéria, na segunda fase, vitória por um ponto de diferença, com a posse de bola nas mãos do adversário no fim.

A disparidade entre as duas seleções fica evidenciada, também, pelo plantel de jogadores. Enquanto a Alemanha tem Dirk Nowitzki como estrela solitária, os norte-americanos formam uma constelação inteira. Uma seleção jovem, mas composta pelo que haverá de melhor na NBA daqui a cinco ou dez anos — Lebron James, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade e Dwight Howard, para citar cinco que podem estar em quadra ao mesmo tempo.

Os estadunidenses apresentaram alguns defeitos até agora: dificuldade para passar por marcação zona, defesa passiva no perímetro (levam em média 83,5 pontos por jogo) e alguns momentos de completo “apagão” — segundo quarto contra a Itália (11 a 26), por exemplo.

Mas nenhuma das três falhas é tão grave a ponto de se pensar em derrota para os alemães. Principalmente se Dirk Nowitzki for bem marcado. E opções para fazê-lo não faltam ao técnico Mike Krzyzewski.

 

Argentina 83 x 58 Turquia: alguém ainda duvida?

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Se alguém ainda tinha alguma dúvida sobre a qualidade da seleção da Argentina, não tem mais. Depois de passar sem brilho pela Nova Zelândia nas oitavas-de-final, a campeã olímpica fez justiça a seu favoritismo diante da Turquia. Tal qual a Espanha, horas antes, a equipe matou o jogo no começo. Não deu chance para uma eventual zebra.

Antes mesmo de a bola subir, a impressão é que as duas seleções entravam em quadra com pensamentos e momentos diametralmente opostos. Para a Argentina, o Mundial começaria de fato hoje, dia em que precisariam jogar a pleno vapor; os turcos viam a partida das quartas-de-final como um prêmio por sua ótima e surpreendente campanha. Para os sul-americanos, a vitória era obrigação; para os euro-asiáticos, sonho.

Desde os primeiros minutos ficou clara a superioridade de nossos vizinhos, que abriram 7 a 0. Os turcos demoraram três minutos para marcarem seus primeiros pontos, com o competente Cenk Akyol, 19 anos, uma das apostas da seleção para fazer boa campanha quando sediar o Mundial, em 2010.

O primeiro quarto terminou com vantagem de nove pontos para os argentinos — 25 a 16. Destaque para o armador Pepe Sanchez, um exemplo clássico de jogador na posição 1, que se preocupa muito mais em montar a equipe em quadra do que em anabolizar suas estatísticas para consumo externo.

Os turcos, que começaram a partida com disposição para diminuir a diferença de pontos — chegaram a liderar o jogo por 5s ainda no primeiro quarto —, desanimaram quando começou o segundo período. A defesa argentina inibia os arremessos de média e longa distância. Quando saíam, raramente eles encontravam a cesta adversária (o aproveitamento de três pontos foi de 32%; de dois pontos, 40%).

O primeiro tempo virou com 43 a 23 para os sul-americanos. Só um acidente de percurso no terceiro quarto recolocaria a seleção da Turquia e volta no jogo. Não houve acidente algum. Revezando todos os seus jogadores, a Argentina abriu ainda mais e chegou ao período final com 35 pontos de vantagem.

Sem esperanças, os turcos esperavam o fim da agonia. Os argentinos apenas administravam a vantagem, que caiu dez pontos nos minutos finais, pensando na partida contra a Espanha, nas semifinais. Quando, certamente, não terão a mesma facilidade.

 

Espanha 89 x 67 Lituânia: estranhamente fácil

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A Espanha é a primeira semifinalista do Mundial. Com uma inesperada tranqüilidade desde o início do jogo, a equipe não teve problemas para superar a Lituânia, que fez de longe sua pior partida no torneio e em momento algum mostrou ter condições de vencer.

O primeiro quarto terminou com 28 a 11 para os ibéricos, que administraram a vantagem durante os três períodos seguintes. Com a folga no placar, a equipe pôde testar novas rotações, colocando seus 12 jogadores em quadra.

Do outro lado, um adversário surpreendentemente fraco, entregue desde que a bola subiu. Para superar os espanhóis, os lituanos precisariam — além de manter a ótima defesa mostrada nas oitavas-de-final — acertar as bolas de três, um dos fundamentos em que sempre se destacaram, mas que nesta edição do campeonato ficou longe de desequilibrar a seu favor.

Pois os bálticos não conseguiram nem uma coisa, nem outra.

Defensivamente, não frearam a competência do ataque espanhol. Além da tradicional inteligência ofensiva de seus armadores e do ótimo Pau Gasol, uma referência no garrafão, os adversários abusaram dos contra-ataques, terminando com jogadas de efeito que levantavam o ginásio de Saitama.

No setor ofensivo, a situação foi ainda pior. O armador Arvydas Macijauskas, cérebro da equipe, tentou apenas dois arremessos em todo o jogo. Saiu de quadra zerado, com cinco erros em apenas 21 minutos de participação.

Comparar o número de bolas perdidas e recuperadas pelas duas seleções é desleal: enquanto a Espanha roubou 17 bolas e cometeu 11 erros, os lituanos perderam 28 posses e só recuperaram três.

Pelo lado espanhol, destaque para a dupla Juan Carlos Navarro e Pau Gasol. O armador fez 22 pontos e três assistências; o pivô foi o cestinha da partida, com 25 pontos, somou nove rebotes e três tocos.

Na Lituânia, Darjus Lavrinovic terminou com 17 pontos. Linas Kleiza também merece menção, com double-double de 15 pontos e 14 rebotes.

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