17.8.06
Um quarteto fantástico
Falta pouco para começar o Mundial de basquete (só mais uma madrugada de espera) e está na hora de apostar em favoritos, anunciar algumas tendências e prevenir os menos avisados sobre eventuais zebras. Depois de uma mesa redonda com os colegas Fábio Balassiano, Guilherme Tadeu de Paula, Tales Pagni (todos do Draft Brasil) e Rodrigo Alves (Rebote e Sportv), ficou mais fácil ter um panorama das chances do Brasil e dos favoritos ao título.
Vamos começar do começo, pois: “Quem será o campeão Mundial?”
Tenho um palpite quádruplo. Pela ordem, acho que Estados Unidos, Grécia, Argentina e Espanha são as seleções com mais chances. Por quê? Vamos a uma breve ficha de cada uma delas.
Estados Unidos:
São favoritos?
Favoritismo é pouco para definir a condição da equipe norte-americana.
Têm estrelas?
Têm, e são várias. Lebron James, Carmelo Anthony, Dwyane Wade, Chris Bosh, Dwight Howard... e a lista segue.
Qual o ponto forte?
Além de grandes jogadores o time parece estar motivado e disposto a jogar como equipe. Claro, sempre há o momento do “show time”, mas o jogo tornou-se mais coletivo.
E o ponto fraco?
Em 2004, nas Olimpíadas, o time também era bom, cheio de estrelas... e caiu. Dar motivação e concentração aos astros são os maiores desafios do técnico Mike Krzyzewski.
Em 2002...
...jogavam em casa e ficaram em sexto. Vexame completo, e que só será apagado com o título no Japão.
De lá para cá...
...fracassaram também nas Olimpíadas, com um terceiro lugar e três derrotas (Porto Rico, Lituânia e Argentina). Decidiram que era hora de montar uma seleção permanente, mais jovem e com um técnico de vivência no basquete universitário, mais próximo da realidade mundial.
O grupo na primeira fase ajuda?
Não é o grupo mais fácil, mas está longe de ser uma ameaça. Caso tudo corra bem, só devem suar contra a Itália. Ou se pegarem a Eslovênia em um dia inspirado, talvez.
Mas... e o cruzamento?
Se confirmada a primeira posição no Grupo D, os norte-americanos enfrentarão o quarto colocado da chave C. Pode ser o Brasil, mas é mais possível que seja Turquia ou Austrália. Os problemas só apareceriam nas quartas-de-final, em um possível duelo com Grécia ou Lituânia.
Grécia:
Favorita?
Não é vista como tal, embora tenha uma grande seleção. O estilo de jogo — bem diferente do que vemos por cá — pode ser uma explicação.
Tem estrelas?
Não. Tem ótimos jogadores, como Spanoulis (recém-contratado pelo Houston Rockets, da NBA), Diamantidis e Papaloukas. “Quem?” O Mundial responderá.
Qual o ponto forte?
Defesa sólida e ataque bem distribuído. Os gregos jogam um basquete muito diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil ou na NBA. Não há cestinhas no time, as ações ofensivas são dividas. O posicionamento defensivo também chama a atenção — não há a irritante passividade brasileira para chutes de três. E, embora não tenha gigantes (Papadopoulos, o mais alto, tem 2,10 m), consegue dominar os rebotes defensivos.
E o ponto fraco?
O mesmo jogo coletivo que tanto ajuda, pode atrapalhar. Em momentos decisivos, é preciso ter alguém para pedir a bola. Na Grécia, pode ser que todos peçam. Ou pode ser que ninguém assuma a responsabilidade.
Em 2002...
...nem se classificou para o Mundial. O que justifica um pouco a falta de badalação.
De lá para cá...
...montou uma seleção com base em jogadores que atuam no basquete do país e foi campeã européia pela segunda vez na história, em 2005 (a outra havia sido em 1987). Foi campeã da Copa Stankovic, com um massacre (84 a 48) sobre a Alemanha.
O grupo na primeira fase ajuda?
Ajudar, não ajuda. É possivelmente o mais complicado da primeira fase. Mas, se conseguirem impor seu padrão de jogo, só farão jogo duro contra a Lituânia. “E o Brasil?” Bem, o Brasil não consegue encaixar seu jogo contra uma defesa tão sólida. Marcar 70 pontos nos gregos seria uma vitória. Superá-los no placar final, algo quase histórico.
Mas... e o cruzamento?
O cruzamento é cruel por um motivo: Grécia e Estados Unidos estão do mesmo lado da chave e não há hipótese de fazerem a final. Podem se bater nas oitavas (pouco provável), nas quartas ou nas semifinais.
Espanha:
Favorita?
Há quem diga que sim. Eu sou um deles.
Tem estrelas?
Entre os vários bons jogadores, destacam-se Pau Gasol (Memphis Grizzlies-NBA) e Juan-Carlos Navarro (Barcelona-ESP).
Qual o ponto forte?
Tem grandes talentos individuais, que funcionam bem quando juntos. Gasol, Navarro e Garbajosa são jogadores inteligentes, com boa visão de jogo.
E o ponto fraco?
Faltam bons arremessadores, sobretudo da linha dos três pontos. Embora tenham em José-Manuel Calderón e Rudy Fernandez uma dupla de qualidade na armação, nenhum deles tem o perfil de finalizador.
Em 2002...
...ficou na quinta posição, com vitória sobre os Estados Unidos no último jogo. Terminou a primeira fase com a melhor campanha — invicta em três jogos e com a melhor defesa. Caiu nas quartas-de-final para a Alemanha, que ficou em terceiro.
De lá para cá...
...voltou a brilhar nas Olimpíadas, novamente terminando a primeira fase invicta. Caiu diante dos Estados Unidos nas quartas e ficou na sétima posição, com a melhor campanha do torneio (6-1).
O grupo na primeira fase ajuda?
Se ajuda? O Grupo B é uma mãe: Angola, Japão, Nova Zelândia, Panamá... a Alemanha é a única adversária que pode incomodar. Se Dirk Nowitzki entrar em quadra, claro.
Mas... e o cruzamento?
O cruzamento para a primeira colocação na primeira fase é com o quarto do Grupo A, possivelmente Nigéria ou Venezuela. Dificuldade, mesmo, só das quartas-de-final em diante.
Argentina:
Favorita?
Sim. Atual vice-campeã mundial e medalha de ouro olímpica, não teria como não ser.
Tem estrelas?
Manu Ginóbili, o craque do time. Mas engana-se quem pensa que só ele pode resolver uma partida. A lista de bons jogadores é grande: Luis Scola, Walter Herrmann e Andrés Nocioni são coadjuvantes de respeito.
Qual o ponto forte?
Entrosamento. A geração mais vitoriosa do basquete do país é praticamente a mesma do último Mundial e da Olimpíada. As jogadas mais improváveis aparecem nos momentos decisivos, fruto de um grupo em que todos se conhecem muito bem.
E o ponto fraco?
Há quem diga que a equipe começa uma fase descendente. Embora tenha os mesmos jogadores, o time não repetiu na fase de preparação o jogo que encantou nas Olimpíadas, há dois anos.
Em 2002...
...foi vice-campeã mundial. Perdeu uma final eletrizante para a Iugoslávia, em um jogo no qual poderia ter vencido.
De lá para cá...
...só melhorou. Exportou jogadores para a NBA e as principais equipes da Europa. A evolução ficou evidente com o merecido título olímpico, em Atenas.
O grupo na primeira fase ajuda?
Não complica. A França tem um time forte e a Sérvia — embora renovada — pode surpreender. Mas contra Venezuela, Nigéria e Líbano, a obrigação é ganhar fácil.
Mas... e o cruzamento?
A idéia para a segunda fase é fugir de Espanha ou Alemanha. Um segundo lugar no grupo já resolveria a situação. O caminho é tranqüilo até as quartas, quando Pau Gasol ou Dirk Nowitzki podem aparecer pela frente.
Fotos: AFP, AFP, AP Photo e AFP
Vamos começar do começo, pois: “Quem será o campeão Mundial?”
Tenho um palpite quádruplo. Pela ordem, acho que Estados Unidos, Grécia, Argentina e Espanha são as seleções com mais chances. Por quê? Vamos a uma breve ficha de cada uma delas.
Estados Unidos:
São favoritos?
Favoritismo é pouco para definir a condição da equipe norte-americana.
Têm estrelas?
Têm, e são várias. Lebron James, Carmelo Anthony, Dwyane Wade, Chris Bosh, Dwight Howard... e a lista segue.
Qual o ponto forte?
Além de grandes jogadores o time parece estar motivado e disposto a jogar como equipe. Claro, sempre há o momento do “show time”, mas o jogo tornou-se mais coletivo.
E o ponto fraco?
Em 2004, nas Olimpíadas, o time também era bom, cheio de estrelas... e caiu. Dar motivação e concentração aos astros são os maiores desafios do técnico Mike Krzyzewski.
Em 2002...
...jogavam em casa e ficaram em sexto. Vexame completo, e que só será apagado com o título no Japão.
De lá para cá...
...fracassaram também nas Olimpíadas, com um terceiro lugar e três derrotas (Porto Rico, Lituânia e Argentina). Decidiram que era hora de montar uma seleção permanente, mais jovem e com um técnico de vivência no basquete universitário, mais próximo da realidade mundial.
O grupo na primeira fase ajuda?
Não é o grupo mais fácil, mas está longe de ser uma ameaça. Caso tudo corra bem, só devem suar contra a Itália. Ou se pegarem a Eslovênia em um dia inspirado, talvez.
Mas... e o cruzamento?
Se confirmada a primeira posição no Grupo D, os norte-americanos enfrentarão o quarto colocado da chave C. Pode ser o Brasil, mas é mais possível que seja Turquia ou Austrália. Os problemas só apareceriam nas quartas-de-final, em um possível duelo com Grécia ou Lituânia.
Grécia:
Favorita?
Não é vista como tal, embora tenha uma grande seleção. O estilo de jogo — bem diferente do que vemos por cá — pode ser uma explicação.
Tem estrelas?
Não. Tem ótimos jogadores, como Spanoulis (recém-contratado pelo Houston Rockets, da NBA), Diamantidis e Papaloukas. “Quem?” O Mundial responderá.
Qual o ponto forte?
Defesa sólida e ataque bem distribuído. Os gregos jogam um basquete muito diferente do que estamos acostumados a ver no Brasil ou na NBA. Não há cestinhas no time, as ações ofensivas são dividas. O posicionamento defensivo também chama a atenção — não há a irritante passividade brasileira para chutes de três. E, embora não tenha gigantes (Papadopoulos, o mais alto, tem 2,10 m), consegue dominar os rebotes defensivos.
E o ponto fraco?
O mesmo jogo coletivo que tanto ajuda, pode atrapalhar. Em momentos decisivos, é preciso ter alguém para pedir a bola. Na Grécia, pode ser que todos peçam. Ou pode ser que ninguém assuma a responsabilidade.
Em 2002...
...nem se classificou para o Mundial. O que justifica um pouco a falta de badalação.
De lá para cá...
...montou uma seleção com base em jogadores que atuam no basquete do país e foi campeã européia pela segunda vez na história, em 2005 (a outra havia sido em 1987). Foi campeã da Copa Stankovic, com um massacre (84 a 48) sobre a Alemanha.
O grupo na primeira fase ajuda?
Ajudar, não ajuda. É possivelmente o mais complicado da primeira fase. Mas, se conseguirem impor seu padrão de jogo, só farão jogo duro contra a Lituânia. “E o Brasil?” Bem, o Brasil não consegue encaixar seu jogo contra uma defesa tão sólida. Marcar 70 pontos nos gregos seria uma vitória. Superá-los no placar final, algo quase histórico.
Mas... e o cruzamento?
O cruzamento é cruel por um motivo: Grécia e Estados Unidos estão do mesmo lado da chave e não há hipótese de fazerem a final. Podem se bater nas oitavas (pouco provável), nas quartas ou nas semifinais.
Espanha:
Favorita?
Há quem diga que sim. Eu sou um deles.
Tem estrelas?
Entre os vários bons jogadores, destacam-se Pau Gasol (Memphis Grizzlies-NBA) e Juan-Carlos Navarro (Barcelona-ESP).
Qual o ponto forte?
Tem grandes talentos individuais, que funcionam bem quando juntos. Gasol, Navarro e Garbajosa são jogadores inteligentes, com boa visão de jogo.
E o ponto fraco?
Faltam bons arremessadores, sobretudo da linha dos três pontos. Embora tenham em José-Manuel Calderón e Rudy Fernandez uma dupla de qualidade na armação, nenhum deles tem o perfil de finalizador.
Em 2002...
...ficou na quinta posição, com vitória sobre os Estados Unidos no último jogo. Terminou a primeira fase com a melhor campanha — invicta em três jogos e com a melhor defesa. Caiu nas quartas-de-final para a Alemanha, que ficou em terceiro.
De lá para cá...
...voltou a brilhar nas Olimpíadas, novamente terminando a primeira fase invicta. Caiu diante dos Estados Unidos nas quartas e ficou na sétima posição, com a melhor campanha do torneio (6-1).
O grupo na primeira fase ajuda?
Se ajuda? O Grupo B é uma mãe: Angola, Japão, Nova Zelândia, Panamá... a Alemanha é a única adversária que pode incomodar. Se Dirk Nowitzki entrar em quadra, claro.
Mas... e o cruzamento?
O cruzamento para a primeira colocação na primeira fase é com o quarto do Grupo A, possivelmente Nigéria ou Venezuela. Dificuldade, mesmo, só das quartas-de-final em diante.
Argentina:
Favorita?
Sim. Atual vice-campeã mundial e medalha de ouro olímpica, não teria como não ser.
Tem estrelas?
Manu Ginóbili, o craque do time. Mas engana-se quem pensa que só ele pode resolver uma partida. A lista de bons jogadores é grande: Luis Scola, Walter Herrmann e Andrés Nocioni são coadjuvantes de respeito.
Qual o ponto forte?
Entrosamento. A geração mais vitoriosa do basquete do país é praticamente a mesma do último Mundial e da Olimpíada. As jogadas mais improváveis aparecem nos momentos decisivos, fruto de um grupo em que todos se conhecem muito bem.
E o ponto fraco?
Há quem diga que a equipe começa uma fase descendente. Embora tenha os mesmos jogadores, o time não repetiu na fase de preparação o jogo que encantou nas Olimpíadas, há dois anos.
Em 2002...
...foi vice-campeã mundial. Perdeu uma final eletrizante para a Iugoslávia, em um jogo no qual poderia ter vencido.
De lá para cá...
...só melhorou. Exportou jogadores para a NBA e as principais equipes da Europa. A evolução ficou evidente com o merecido título olímpico, em Atenas.
O grupo na primeira fase ajuda?
Não complica. A França tem um time forte e a Sérvia — embora renovada — pode surpreender. Mas contra Venezuela, Nigéria e Líbano, a obrigação é ganhar fácil.
Mas... e o cruzamento?
A idéia para a segunda fase é fugir de Espanha ou Alemanha. Um segundo lugar no grupo já resolveria a situação. O caminho é tranqüilo até as quartas, quando Pau Gasol ou Dirk Nowitzki podem aparecer pela frente.
Fotos: AFP, AFP, AP Photo e AFP
Comentarios:
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Belo trabalho, Thiagão.
São, realmente, os quatro times mais fortes.
Sugiro mais dois textos antes da bola subir (portanto, pra hoje/amanhã)
Um do segundo escalão,
e um dos demais!
sério, excelente produção
abraço
São, realmente, os quatro times mais fortes.
Sugiro mais dois textos antes da bola subir (portanto, pra hoje/amanhã)
Um do segundo escalão,
e um dos demais!
sério, excelente produção
abraço
Parabens pelo blog, Thiago!
Sobre o ultimo post, vou ficar com a Espanha, pra seleção favorita. Além da grande geração, acho que é quase impossível o time ter um fracasso prematuro como nas Olimpiadas.
Abraço
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Sobre o ultimo post, vou ficar com a Espanha, pra seleção favorita. Além da grande geração, acho que é quase impossível o time ter um fracasso prematuro como nas Olimpiadas.
Abraço
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